A Despedida

Mariana não estava muito a fim de ir, mas resolveu enfrentar a tal despedida, Bob finalmente ia embora, era um motivo para comemorar. Por outro lado, todo aquele mel, o sotaque irritante chamando “Mari!!!”, ainda a faziam protelar.
Mas o Hugo tinha topado aparecer, tão brega quanto o bar, ele com certeza se divertiria e a faria rir, além disso Hugo era brega mas era divertido e gostoso.
Com todo esse espírito animador, Mariana chegou ao Bar-Karaokê, para sua surpresa, o gringo estava sentado com apenas duas amigas novas que ele havia conhecido na última viagem. Bob ficou muito feliz em ver Mariana, como sempre, ele reclamou alguma coisa, da cerveja, do atraso dos brasileiros, Mariana calmamente relevou, já que a certeza de que era a última vez, a acalentava.
Já eram quase 23hs., ele havia marcado a despedida para as 21hs., não chegara mais ninguém, ainda por cima, depois de um papo animado sobre cemitério, as outras duas únicas convidadas presentes anunciaram que tinham que ir embora por causa do horário do metrô. Provavelmente, elas estavam aliviadas por Bob ter pelo menos mais uma amiga presente e já podiam deixá-lo sem maiores constrangimentos.
Mariana já estava se cansando da despedida a dois quando Hugo chegou vestindo uma camiseta amarela que deixava seus músculos a mostra e um boné breguíssimo. Pouco depois, chegou um amigo de Hugo, em seguida Lucas, vizinho do bar e conhecido de Mariana, passou com seu cachorro e decidiu tomar uma cerveja com eles. A salvação.
Ela agora já estava mais livre e tranqüila, afinal a prática já havia mostrado que, de início Bob era uma pessoa interessante, a convivência que o tornava insuportável e como naquela mesa, ninguém mais além dela convivera com o gringo, estava tudo bem, ela pôde relaxar e brincar com Luli, o cachorro simpático do Lucas.
Por fim, chegou um amigo de Bob, Júlio, que tinha indícios de chatice, mas nada grave para uma única noite. Cervejas depois, tarde da noite, hora de pedir a conta. Abraços, promessas de escrever. Pronto. Bob vai mesmo embora, fim da despedida.
Enquanto Hugo a massageava, Mariana sentiu um alívio físico e mental. Físico, porque a massagem de Hugo era ótima. Mental, porque o fato dos amigos de Bob não terem aparecido na despedida, tirava-lhe o remorso e a fazia sentir-se uma pessoa legal de novo, porque apesar de Mariana realmente não suportar Bob, ela percebeu que ninguém o suportava mesmo.
Agora era só torcer para o vôo dele não ser cancelado.

Comentários

Andrejazzy disse…
talvez sejam as convenções sociais que nos levem a fazer o que não queremos realmente.Seres automáticos, apenas reagindo aos impulsos.Lei da ação e reação, ditando os nosso comportamentos concientes ou não.Todo texto é de certa forma autobiográfico, não é?Apesar da 3ª pessoa.Não tenha receio,"Mariana", você é normal.
Seja lá o que isso significa, todos nós fazemos quase sempre as mesmas coisas.
Se não fosse o quase.
Anônimo disse…
eu cansei um pouco de ser mariana.
acho que temos um pequeno direito de fazer aquilo que temos vontade. as vezes.
sinto pena do bob. e por isso teria talvez ido a sua despedida.]
mas que motivo triste esse.

nem ele merece.
Anônimo disse…
Merece sim,eu acho que a despedida de "bob" deveria ser comemorada com quinze dias de festas ininterruptas finalizadas com um grande bacanal dionísico.

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