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Mostrando postagens de 2020

Alfabeto

 Teus As Cheios de Meios Eu em teus Olhos de foto Tua voz aqui Longe Teu toque Imaginado Desenhado Teus As Desapercebidos De meus C Nãos Vestem-se De não.

Abraços

Os laços de amanhã Existirão em abraços? Presente crasso que sufoca a esperança em vírus, máscaras e desigualdades O futuro que eu imaginava antigamente não era este presente O futuro deveria ser melhor que o passado Um futuro mais empático e esclarecido para meu filho para todos Agora O futuro que eu imaginaria Eu não consigo mais imaginar Mas ele virá É o que espero E esperar já é uma vitória Da esperança. (escrito para a página Convide Palavras. Tema: O futuro não é mais como era antigamente - Legião Urbana)

Sintoma

Tristeza desperta o egoísmo Maniqueísmo simples Para quem tem opções Só quem tem plural Pode escolher por gosto: Bom ou Ruim O moço movido A desgosto A doença A descrença Tem a vista embaçada da desigualdade Normalidade na sociedade Perda Morte Racismo é só sintoma Hematoma que só cresce Enrijece A máscara não cobre a sorte A escravidão estampa nos olhos E nos bolsos vazios Dinheiro é besouro do olho azul E a pobreza não enxerga cores Só dores Não há paixão com fome Maior que a fome O agudo é corda Do propósito Açoite. (Escrito em 27/05/2020, inspirado no conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, exercício de criação literária proposto por Anna Zepa – Programa Vocacional 2020)

Limão nos olhos

                     (para Leonardo) Foi do que me lembrei primeiro O limão nos seus olhos de menino Na casa da avó-flor Eu vi nossas fotos Aquela mais recente Da sua camiseta rosa Minha cara inchada O vestido vermelho A festa Os planos Dos primos Lembrei do lago Do trocado Mas naquela hora Fala nervosa Para encobrir o choro Naquela hora só vi O limão nos seus olhos E chorei com os Olhos ardidos.

Para a mãe do Miguel e à do João...

(e, infelizmente, a tantas outras mães) Sim, eu me sinto culpada na minha begicidade santa cecilier Porque meu filho agora dorme protegido E teu filho morreu É pesado, é inadmissível Mas teu filho morreu O meu, vive O motivo de teu filho não estar nos teus braços agora É que a humanidade falhou E eu vou procurar brechas pra desmentir isso Por todo o tempo que meu filho viver Porque é meu trabalho de mãe.... Mas, teu filho já não vive E eu não sei o que te dizer Meu post Meu choro Minha empatia Aliviam minha culpa De um terço preta Um terço índia Mas, um terço branca São porra nenhuma diante da tua dor Porque meu filho vive E o teu, não Queria que fosse acaso Mas desconfio que tem a ver Com a clareza da minha negritude Chamada de bege Tem a ver com ter um Olho azul a mais na genealogia Que me permitiu entrar Na faculdade particular E aprender a conjugar O português opressor Que amo tanto Talvez por ser també

Palavra de poeta

O poeta ajeita o cabelo Eu ouço o poeta Choro com o poeta Sinto-me amiga do poeta O poeta partilha Todos os dias Fala palavras com sem Serena encanta Tanta palavra que ainda é pouca Almoço, Palavra A voz do poeta ecoa O cabelo cresce As palavras crescem Elas sempre crescem Palavra de tanta gente Pela boca do poeta cabeludo Cada palavra bonita Que estou adicta pela palavra que sai da boca, da pele Do poeta da tela. Praga de Poeta.

cantinho quentinho

Balanço as ancas esquecidas das costas cansadas Meu corpo cisca, faísca Risca o assoalho com pantufas Barriga e mente vazias Caminham como estrias Até o vizinho poético e invisível na noite fria Abaixado sob o elevado? Confinado no abrigo sem abraço? O imagino aquecido e sorridente Como se a imaginação pudesse ser o que ele sente Tão educado olhos marejados ao falar do velho pai “Seu” Tibiriçá ocupa minhas linhas No cantinho quentinho Cheio de meus pedaços em peças Penduradas, espalhadas Meu cantinho privilegiado em pijama aveludado Realidade navalha sem falha parece longe Mas fica bem ali na esquina Alongo a cabeça feito o gato Chico adormecido Chico viveu na rua metade da vida Ainda sente gosto pela fuga Mas se derrete todo afofando minha barriga Enquanto pede cafuné. O que fazia Chico antes do meu cafuné? E Tibiriçá? Tinha cantinho quentinho? Que caminho trouxe meu vizinho Até a quina sem ninho? texto inspirado na mú

O vento

Ao lado do pequeno cabeludo Escuto o som do vento insistente Pelo vidro da janela entelada Horizonte branco de prédios e nuvens E o verde que dança nos braços de zéfiro O sopro intenso canta alto pra entrar O pequeno fala do arco encantado Eu invocada com a voz da ventania Eu encantada com o cabeludo Que já morou no meu ventre

Sarajevo

Aquele onde conheci o mar plural Mar calmo e agitado Que mareou meu coração Mar complicado em ondas abotoadas Mar Mar Mares navegantes Navegados Navegáveis Os mares são água Águas são meu Corpo Na água Meu coração Mergulha.

O Homem Grande

O homem grande tem estrelas no sorriso Girassóis na alma Percepção de leão Beijo de chocolate bom Toque de morango doce Gosto de pavê Tempero de dendê Abraço aconchegante Amor instigante O homem grande tem um coração maior que o homem grande.

João Pedro

Pedro como meu filho João Pedro morreu jovem Criança, adolescente Por que morreu, João Pedro? Pela pele preta? Logo no país que “nem é racista”... João Pedro Não era meu filho, mas era filho Morreu dentro de casa Uma criança morreu dentro de casa De causa não natural! Ou já é natural a barbaridade? É natural uma criança assassinada dentro de casa? A bestialidade é normalidade? Quando a normalidade virou monstruosidade? Quando? Quando ancestralidade virou criminalidade? Foi assim que começou E não acabou. É simples não falar no assunto Se seu filho não é o defunto. Quando seremos humanos? Quando???

Carta

Querida avó, pode ser vovó? Tanto pra te dizer Nem sei o que pensei Bem sei, mas nem sei Começo e já confesso Não sei o teu nome Imagino o sobrenome Como o da tua neta que conheci Minha bisavó Foi de passagem Só até meus 13 anos Época de enganos Quando ela se foi vi a morte perto Não gostei Mas ela voltou outras vezes Ela sempre volta... ...tem trabalhado bastante... Da minha bisa, tua neta Eu gostava Mas ela de muito Não se lembrava Fazia tapetes de crochê De saquinhos de leite Achava melhor Calça comprida Que saia curta Usava vestido Não lembrava os nomes Às vezes se perdia Dizem que conheceu Gandhi Bonita, muito bonita Morreu com 93 anos E ainda era bonita Cabelos longos, lisos Prateados Olhos claros Azuis esverdeados Ofuscados Mas com aquela Faísca que só Os que muito brilharam Podem ter. Meus olhos brilham Mas são castanhos Como meus cabelos Como eram teus cabelos? Negros? Ficaram ta

Arco-Íris

Phalácia 19/05/2020 Pedroca: “Poesia Céu Arco-íris num dia de sol e de chuva. Amém papai do céu, que o corona vírus acabe e inventem logo a vacina.” Confusa entre o soneto e o inhame enquanto o pequeno Naruto dita poesia sem heresia. Pequeno inventa poesia, invoca com a sintonia: mais som, menos som Silêncio de arco-íris sem mãe, sem chuva, eu meio turva. Ainda que sol em prol de palavras escondidas, esvaídas, escritas. Sem M Confusa no soneto, enquanto o pequeno Naruto dita poesia heresia. Pequeno inventa poesia invoca a sintonia Silêncio de arco-íris, chuva, eu turva. Ainda que sol em prol de palavras escondidas, esvaídas, escritas.

Para Chico sem Filtro

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estressada madrugada miado gato danado alvorada sonada agitada gato amado folgado do caralho

Seu som

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Seu som Cheira saudade Seu cheiro Ressoa em mim. arte: Marcelo Pinheiro

Raiz

Tataravovó meu nó Nó não desatado Só apagado Dói arraigado.

Retratos

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Maira Do fundo colorido artístico, emoldurado por cabelos pretos esvoaçantes, um rosto claro, oval. Sob curvas negras delineadas e marcantes, abrem-se janelas com cílios, donde surgem duas bolas de gude negras. Simétrica pista respiratória de mão dupla. Abaixo da abertura dos lábios levemente contornados, multicores: rosa, vermelho, verde, azul, branco, amarelo cobrem e adornam o colo, finalizando o quadro. Arthur Começa com um redemoinho de cachos parecidos com folhas de coqueiro negras. Olhos grandes amendoados no formato, dentro dois círculos cor de noite sem estrelas, sob fundo branco estelar. Testa segue até semicírculos grossos combinando com os cabelos. Abaixo dos orifícios das narinas, bigode desenhado passeia sobre lábios arredondados e emenda com a barba escura que finaliza e contorna o rosto sobre o fundo de capas coloridas. Daniel Duas abinhas demarcam o círculo ovalado do rosto. Em ondas, uma sobrancelha convencional outra com intersecção rebe

Por ti eu voaria

Mas é quarentena   E eu nem corro Mal ando limitada Pelo mala mau O covirona 17, 19 Sei lá  Sei que nem corro Pouco ando Mas por ti Eu voaria (inspirada por Sarau do Burro)

Cristy

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A gente estava bem feliz nesta 1ª foto: Eu e Amelinha chapamos o coco e você riu pra caramba Nem era o tbt que eu queria, na verdade eu nem gosto da expressão tbt, sobre tbt você diria: “não sei o que é isso, não lembro, faz pra mim...” e eu ia dizer: “Cristy, esse papo de novo... desculpinha” E riríamos juntas... Mas hoje, nesse tempo estranho, o dia foi mais estranho ainda, logo cedo eu soube que não ouviria sua voz novamente, nem comemoraríamos o seu aniversário depois da quarentena, nem riríamos mais juntas... E parei de me importar com o microondas quebrado, com o iogurte que não comprei, com a publicação que não certifiquei... De repente, me lembrei dos seus sapatos estilosos, dos seus colares lindos, do seu sorriso que inundava até aquele nosso inóspito ambiente de trabalho, aquele lugar dureza, cheio de abutres horríveis, eu que cheguei bem jovem, inexperiente.. Tinha que passar pela sua mesa quando ia ao banheiro... e você me reconheceu,

Resumo

“A vida do Presidente da República tem um significado”(ou seja: eu sou o presidente minha vida vale mais do que a da Marielle, embora eu esteja vivo e ela morta, parece que morreu mais alguém com ela, que também não importa) “Mandei desligar o aquecedor da piscina olímpica do Alvorada” “Admirar uma pessoa é uma coisa, trabalhar com ela é outra.” “No dia que eu precisar de autorização de subordinado não sou mais presidente” “Meu filho é garanhão, não sabe se pegou a filha do sargento, pegou metade do condomínio” “A mídia me colocou de cabeça para baixo” “É tudo culpa da mídia” “O Moro não é tão legal” “Os governadores não me obedecem” “Os ministros tem que estar comigo” “Não tenho mágoa do senhor Sérgio Moro” “Eu avisei os deputados (meus apóstolos) hoje vocês saberão quem me quer fora dessa cadeira” (Judas? Não, Moro) “O Moro indicou a sra srta que defendia o aborto e a teoria de gênero contra minha bandeira e dos cristãos” “Eu sempre fui do diálogo” “eu converso com todo

Para a tristeza

Tristeza, por favor não pegue o meu amor Tristeza vá procurar outro Com desgosto Ou nem procure ninguém Faça outro trem Deixe meu amor cantar E você vai ver Até você vai Querer sambar Vá dançar pra lá Deixe meu amor em paz Olhe tristeza, Não é indelicadeza Mas com tanta incerteza Deixe de faniquito O tempo tá esquisito Quem sabe Se você largar a melancolia Pode até gostar da alegria Entrar na cantoria E se transformar Vá dançar E deixe meu amor Em paz E deixe meu amor Cantar.

(Des)Tempo

Bom ou não  Temporão Bom ou ruim Temporinho  Tempinho  Estranho Tacanho Todo Fosco Patético  Poético  Histórico  Catastrófico  Estoico? Tempo Destempo Destemperado Desesperado Necessário Temporário Passageiro Fogareiro Insensato Sensato  Fato: Destempo... Tempo Tempo  Tempo  

Curtinha Faxina

Ah essa faxina Que sina Prefiro Purpurina 💃🏾

Saudade

Saudade me invade Nem me cabe me parte abate Nocaute

E?

E essa saudade que me invade?

Carlinhos

Carlinhos tinha os olhos claros como os da avó Francisca Carlinhos era um cara alto, loiro Sorridente, brincalhão, piadista Extraía humor de qualquer situação Até em velórios Carlinhos gostava de moto Levava a tia para passear na garupa Carlinhos sofreu um acidente de moto Quase morreu.. A família, a noiva Todos apreensivos Carlinhos sobreviveu Viveu Mas hoje Carlinhos Morreu E eu, prima de Carlinhos, Continuo incompetente para lidar Com a finitude da vida E eu não consigo imaginar Quem conseguirá ter humor No velório de Carlinhos.  

Presente

Perdoe-me o mau jeito Mas ando meio sem eixo te Chamando de meu amor Quando não ouves te Admirando de longe Ouvindo tua voz no chuveiro Fecho os olhos Sinto tua boca... Desprevenida Embevecida Loba esquecida Adolescente de frio na barriga... coração enlouquecido em batidas tão fortes de quase parar A cabeça confusa Fugidia... Que me importam Tantas histórias Que ainda não eram nossas? Quero este presente Raro caro Complicado Minha inspiração E minhas palavras são tuas Este pedaço da minha história O agora é teu.

Caminho

Quase involuntário meus lábios Rumo aos seus só por uma despedida Só por um caminho Caminho que não acaba dentro de mim Sua voz Seus olhos Seus cabelos Seus lábios Você tão longe E tão assustadoramente Aqui Não sei se está tudo bem Sei que você não está Mas ficou Aqui Você... Quando acordo Quando fecho os olhos Quando escrevo Fotografo Poetizo Eu danço Você caminha aqui dentro de mim sempre.

Ressoa

Do formato da sua boca do seu sorriso da sua voz Da beleza do seu som Dos seus lábios Da sua luz Do seu cheiro Da saudade Você ressoa em mim.