Meio Branco





Meio branco aquele dia, enevoado, poucos carros, um ou outro ônibus, um táxi perdido.
Era cedo, o relógio digital na esquina da Consolação com a Paulista me informava: 6:45 horas. Frio, muito frio, para mim, devia estar abaixo de 0°C, mas o mesmo digital informava: 5°C.
Frio demais para um ser do calor, enfiei as mãos de luvas vermelhas nos bolsos do casaco cinza e desci a Consolação no andar rápido de pessoa atrasada, só diminuí o passo em frente ao cemitério: Olhos para o alto: as folhas das árvores dançavam e por entre elas, vi os primeiros raios de sol... Sorri antes de entristecer:
“- As árvores da cidade, que vivem na poluição, florescem mais rapidamente porque vivem menos.. vida curta e florida.” Me disse Carol.
Cheguei ao cursinho da rua Sergipe convencida de que teria uma vida longa, pois fui a última das amigas a florescer... Com este pensamento, recebi das mãos brancas do professor de geografia o simulado pré-vestibular.
Sábado frio, árvores trêmulas e uma folha com muitas lacunas a serem preenchidas.


Versão 2

Dia meio branco, névoa... raros carros, um ônibus, um táxi.
Cedo, 6:45 horas, segundo o relógio digital.
Frio, muito frio... Abaixo de 0ºC... o relógio dizia 5ºC
Frio demais para um ser do calor.
Mãos de luvas vermelhas nos bolsos do casaco cinza.
Consolação à frente: passos rápidos de pessoa atrasada.
Em frente ao cemitério: árvores, galhos trêmulos, folhas dançando com as frestas de luz.
Sorriso, tristeza, lembrança...
Elas, as árvores da cidade, que respiram a fumaça dos escapamentos, florescem antes porque morrem antes, vivem menos... menos.
A vida seria longa ao ser de passos rápidos-atrasados porque floresceu depois?
Será?
Simulado pré-vestibular.
Sábado frio.
Raios escassos de sol.

Folha cheia de lacunas.


(exercício Oficina Literatura e Imagem com João Anzanello Carrascoza, SESC 24 de maio, 23/05/2018)

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