Sempre uma aventura

Cheguei a conclusão que as idas para o (ou voltas do) interior são sempre uma aventura, principalmente nos feriados. No 7 de Setembro foi aquela (aqui já narrada) epopéia.
Desta última vez (feriado de finados) a ida foi tranqüila, já que saí de São Paulo um dia depois da maioria.
A estada foi ótima, fui á homenagem para vovó Francisca, foi emocionante, revi a família, me diverti. Mas, eis que chega o momento da volta...
Saí de Barretos no ônibus da 15 hrs...Sentei inocentemente na poltrona, cujo número era o mesmo da passagem que eu comprara... Parece óbvio, não? Não mesmo, porque logo depois entram no ônibus mãe(40 e poucos), filha (22) e neta (3).
Tem alguém aqui do seu lado?
- Por enquanto não, respondo eu. A mãe senta-se ao meu lado.
50 minutos depois, em minha amada terra natal, Bebedouro, sobem no ônibus outros passageiros, dentre eles, o dono da poltrona ao lado da minha. Resultado: Mãe, filha e neta mudam de lugares, e ainda sentaram em outras poltronas mais uma vez, antes de entenderem que o nº que fica em cima da poltrona tem que correponder ao nº impresso na passagem.
Eu estava na poltrona 25-janela. Senta-se ao meu lado um senhor de reluzentes cabelos pretos, acompanhado de um amigo grisalho que sentou-se na poltrona do corredor mais próxima à 26.
Já com premonições sobre o deslinde da viagem, eu calada, quase dormindo, ouço a seguinte pergunta:
Você vai até São Paulo?
Fiquei com vontade de responder: Não, eu moro no posto Castelo, única parada antes de São Paulo, mas respondi: Vou! E tentei dormir novamente.
Vários quilômetros depois, na metade do caminho, o ônibus pára no posto Castelo.
Consegui ir ao banheiro, mas não comprei nada porque a fila para pagar consumiria os 20 minutos da parada.
Aí sim começaria a emoção: Depois de São Carlos até Rio Claro o trânsito estava infernal, começamos a andar a 5 km/h, e assim permanecemos por 3 horas, devido, como eu soube depois, a obras na pista. Eu tentei me distrair com a paisagem, por do sol e tudo, mas minha tentativa zen era muito fraca, ante ao movimento dentro do ônibus. A já aludida mãe (40 e poucos) levantou-se e fez amizades e eu, mesmo sem querer, ouvi toda o história da vida dela, enquanto meu companheiro da poltrona 26 reclamava do trânsito, da chata, do ônibus... Ou seja, uma chata, um reclamão, calor, a água acabando e um trânsito horrível. Quando eu pensava que aquilo não poderia ficar pior, o motorista colocou em alto e bom som o DVD do Teodoro & Sampaio (ao vivo em Olímpia). Nada contra o Teodoro e Sampaio (desde que eu não seja forçada a ouvi-los).
Assim, as histórias de vida, as reclamações e o tráfego intensamente buzinado eram regados como som de clássicos como "Aqui pra ela", "Mulher chorona" e "Pinga ni mim"
Foi uma maravilha, fiz exercício mental de paciência, soube da filha do amigo que era safada e da outra que era meiga, da mulher vegetariana, que tinha que fazer as filhas comerem carne vermelha, soube que a filha (22) engravidara do namorado, mas que a mãe(40 e poucos) não achava boa idéia o casamento, e o resultado era a neta (3)... É sempre bom ampliar os conhecimentos.
Eu só me manifestei quando o DVD acabou e parecia que ia recomeçar, eu disse num impulso: De novo não! Um rapaz, até então calado, levantou-se, foi até o motorista e nos salvou do replay. Ufa!
Horas depois, o ônibus chegou no Tietê e à meia noite, apenas 9 horas depois de sair de Barretos, eu já estava em casa.

Comentários

Unknown disse…
nossa, cláudia.
NINGUÉM merece 9 horas de viagem.
ainda bem que não tinha alguém cortando unha ao seu lado.

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