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Mostrando postagens de junho, 2020

Sintoma

Tristeza desperta o egoísmo Maniqueísmo simples Para quem tem opções Só quem tem plural Pode escolher por gosto: Bom ou Ruim O moço movido A desgosto A doença A descrença Tem a vista embaçada da desigualdade Normalidade na sociedade Perda Morte Racismo é só sintoma Hematoma que só cresce Enrijece A máscara não cobre a sorte A escravidão estampa nos olhos E nos bolsos vazios Dinheiro é besouro do olho azul E a pobreza não enxerga cores Só dores Não há paixão com fome Maior que a fome O agudo é corda Do propósito Açoite. (Escrito em 27/05/2020, inspirado no conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, exercício de criação literária proposto por Anna Zepa – Programa Vocacional 2020)

Limão nos olhos

                     (para Leonardo) Foi do que me lembrei primeiro O limão nos seus olhos de menino Na casa da avó-flor Eu vi nossas fotos Aquela mais recente Da sua camiseta rosa Minha cara inchada O vestido vermelho A festa Os planos Dos primos Lembrei do lago Do trocado Mas naquela hora Fala nervosa Para encobrir o choro Naquela hora só vi O limão nos seus olhos E chorei com os Olhos ardidos.

Para a mãe do Miguel e à do João...

(e, infelizmente, a tantas outras mães) Sim, eu me sinto culpada na minha begicidade santa cecilier Porque meu filho agora dorme protegido E teu filho morreu É pesado, é inadmissível Mas teu filho morreu O meu, vive O motivo de teu filho não estar nos teus braços agora É que a humanidade falhou E eu vou procurar brechas pra desmentir isso Por todo o tempo que meu filho viver Porque é meu trabalho de mãe.... Mas, teu filho já não vive E eu não sei o que te dizer Meu post Meu choro Minha empatia Aliviam minha culpa De um terço preta Um terço índia Mas, um terço branca São porra nenhuma diante da tua dor Porque meu filho vive E o teu, não Queria que fosse acaso Mas desconfio que tem a ver Com a clareza da minha negritude Chamada de bege Tem a ver com ter um Olho azul a mais na genealogia Que me permitiu entrar Na faculdade particular E aprender a conjugar O português opressor Que amo tanto Talvez por ser també

Palavra de poeta

O poeta ajeita o cabelo Eu ouço o poeta Choro com o poeta Sinto-me amiga do poeta O poeta partilha Todos os dias Fala palavras com sem Serena encanta Tanta palavra que ainda é pouca Almoço, Palavra A voz do poeta ecoa O cabelo cresce As palavras crescem Elas sempre crescem Palavra de tanta gente Pela boca do poeta cabeludo Cada palavra bonita Que estou adicta pela palavra que sai da boca, da pele Do poeta da tela. Praga de Poeta.