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Mostrando postagens de maio, 2020

cantinho quentinho

Balanço as ancas esquecidas das costas cansadas Meu corpo cisca, faísca Risca o assoalho com pantufas Barriga e mente vazias Caminham como estrias Até o vizinho poético e invisível na noite fria Abaixado sob o elevado? Confinado no abrigo sem abraço? O imagino aquecido e sorridente Como se a imaginação pudesse ser o que ele sente Tão educado olhos marejados ao falar do velho pai “Seu” Tibiriçá ocupa minhas linhas No cantinho quentinho Cheio de meus pedaços em peças Penduradas, espalhadas Meu cantinho privilegiado em pijama aveludado Realidade navalha sem falha parece longe Mas fica bem ali na esquina Alongo a cabeça feito o gato Chico adormecido Chico viveu na rua metade da vida Ainda sente gosto pela fuga Mas se derrete todo afofando minha barriga Enquanto pede cafuné. O que fazia Chico antes do meu cafuné? E Tibiriçá? Tinha cantinho quentinho? Que caminho trouxe meu vizinho Até a quina sem ninho? texto inspirado na mú

O vento

Ao lado do pequeno cabeludo Escuto o som do vento insistente Pelo vidro da janela entelada Horizonte branco de prédios e nuvens E o verde que dança nos braços de zéfiro O sopro intenso canta alto pra entrar O pequeno fala do arco encantado Eu invocada com a voz da ventania Eu encantada com o cabeludo Que já morou no meu ventre

Sarajevo

Aquele onde conheci o mar plural Mar calmo e agitado Que mareou meu coração Mar complicado em ondas abotoadas Mar Mar Mares navegantes Navegados Navegáveis Os mares são água Águas são meu Corpo Na água Meu coração Mergulha.

O Homem Grande

O homem grande tem estrelas no sorriso Girassóis na alma Percepção de leão Beijo de chocolate bom Toque de morango doce Gosto de pavê Tempero de dendê Abraço aconchegante Amor instigante O homem grande tem um coração maior que o homem grande.

João Pedro

Pedro como meu filho João Pedro morreu jovem Criança, adolescente Por que morreu, João Pedro? Pela pele preta? Logo no país que “nem é racista”... João Pedro Não era meu filho, mas era filho Morreu dentro de casa Uma criança morreu dentro de casa De causa não natural! Ou já é natural a barbaridade? É natural uma criança assassinada dentro de casa? A bestialidade é normalidade? Quando a normalidade virou monstruosidade? Quando? Quando ancestralidade virou criminalidade? Foi assim que começou E não acabou. É simples não falar no assunto Se seu filho não é o defunto. Quando seremos humanos? Quando???

Carta

Querida avó, pode ser vovó? Tanto pra te dizer Nem sei o que pensei Bem sei, mas nem sei Começo e já confesso Não sei o teu nome Imagino o sobrenome Como o da tua neta que conheci Minha bisavó Foi de passagem Só até meus 13 anos Época de enganos Quando ela se foi vi a morte perto Não gostei Mas ela voltou outras vezes Ela sempre volta... ...tem trabalhado bastante... Da minha bisa, tua neta Eu gostava Mas ela de muito Não se lembrava Fazia tapetes de crochê De saquinhos de leite Achava melhor Calça comprida Que saia curta Usava vestido Não lembrava os nomes Às vezes se perdia Dizem que conheceu Gandhi Bonita, muito bonita Morreu com 93 anos E ainda era bonita Cabelos longos, lisos Prateados Olhos claros Azuis esverdeados Ofuscados Mas com aquela Faísca que só Os que muito brilharam Podem ter. Meus olhos brilham Mas são castanhos Como meus cabelos Como eram teus cabelos? Negros? Ficaram ta

Arco-Íris

Phalácia 19/05/2020 Pedroca: “Poesia Céu Arco-íris num dia de sol e de chuva. Amém papai do céu, que o corona vírus acabe e inventem logo a vacina.” Confusa entre o soneto e o inhame enquanto o pequeno Naruto dita poesia sem heresia. Pequeno inventa poesia, invoca com a sintonia: mais som, menos som Silêncio de arco-íris sem mãe, sem chuva, eu meio turva. Ainda que sol em prol de palavras escondidas, esvaídas, escritas. Sem M Confusa no soneto, enquanto o pequeno Naruto dita poesia heresia. Pequeno inventa poesia invoca a sintonia Silêncio de arco-íris, chuva, eu turva. Ainda que sol em prol de palavras escondidas, esvaídas, escritas.

Para Chico sem Filtro

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estressada madrugada miado gato danado alvorada sonada agitada gato amado folgado do caralho

Seu som

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Seu som Cheira saudade Seu cheiro Ressoa em mim. arte: Marcelo Pinheiro

Raiz

Tataravovó meu nó Nó não desatado Só apagado Dói arraigado.

Retratos

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Maira Do fundo colorido artístico, emoldurado por cabelos pretos esvoaçantes, um rosto claro, oval. Sob curvas negras delineadas e marcantes, abrem-se janelas com cílios, donde surgem duas bolas de gude negras. Simétrica pista respiratória de mão dupla. Abaixo da abertura dos lábios levemente contornados, multicores: rosa, vermelho, verde, azul, branco, amarelo cobrem e adornam o colo, finalizando o quadro. Arthur Começa com um redemoinho de cachos parecidos com folhas de coqueiro negras. Olhos grandes amendoados no formato, dentro dois círculos cor de noite sem estrelas, sob fundo branco estelar. Testa segue até semicírculos grossos combinando com os cabelos. Abaixo dos orifícios das narinas, bigode desenhado passeia sobre lábios arredondados e emenda com a barba escura que finaliza e contorna o rosto sobre o fundo de capas coloridas. Daniel Duas abinhas demarcam o círculo ovalado do rosto. Em ondas, uma sobrancelha convencional outra com intersecção rebe

Por ti eu voaria

Mas é quarentena   E eu nem corro Mal ando limitada Pelo mala mau O covirona 17, 19 Sei lá  Sei que nem corro Pouco ando Mas por ti Eu voaria (inspirada por Sarau do Burro)