Cantinho

Carlinhos tinha os olhos claros como os da avó Francisca Carlinhos era um cara alto, loiro Sorridente, brincalhão, piadista Extraía humor de qualquer situação Até em velórios Carlinhos gostava de moto Levava a tia para passear na garupa Carlinhos sofreu um acidente de moto Quase morreu.. A família, a noiva Todos apreensivos Carlinhos sobreviveu Viveu Mas hoje Carlinhos Morreu E eu, prima de Carlinhos, Continuo incompetente para lidar Com a finitude da vida E eu não consigo imaginar Quem conseguirá ter humor No velório de Carlinhos.  

Perdoe-me o mau jeito Mas ando meio sem eixo te Chamando de meu amor Quando não ouves te Admirando de longe Ouvindo tua voz no chuveiro Fecho os olhos Sinto tua boca... Desprevenida Embevecida Loba esquecida Adolescente de frio na barriga... coração enlouquecido em batidas tão fortes de quase parar A cabeça confusa Fugidia... Que me importam Tantas histórias Que ainda não eram nossas? Quero este presente Raro caro Complicado Minha inspiração E minhas palavras são tuas Este pedaço da minha história O agora é teu.

Quase involuntário meus lábios Rumo aos seus só por uma despedida Só por um caminho Caminho que não acaba dentro de mim Sua voz Seus olhos Seus cabelos Seus lábios Você tão longe E tão assustadoramente Aqui Não sei se está tudo bem Sei que você não está Mas ficou Aqui Você... Quando acordo Quando fecho os olhos Quando escrevo Fotografo Poetizo Eu danço Você caminha aqui dentro de mim sempre.

Do formato da sua boca do seu sorriso da sua voz Da beleza do seu som Dos seus lábios Da sua luz Do seu cheiro Da saudade Você ressoa em mim.