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Para e tristeza 2

  Tristeza   Ainda que tenha me sentido sozinha ultimamente, não gosto de sua companhia. Não me leve a mal, não é pessoal, mas não tenho vocação pra melancolia, seu amigo luto já tem ficado ao meu lado, também não aprecio a companhia dele, mas tenho aprendido que não posso me separar abruptamente, esse relacionamento vai demorar um tempo. Eu sei que às vezes te dou esperanças, me largo no sofá deixo as lágrimas rolarem e posso te dar a entender que quero voltar, me desculpe, mas não quero, observe que na sequência me apego a um livro que me aquece, a um filme que me distrai ou àqueles gatos malucos que adotei recentemente. Não quero ser indelicada, na real, até o Lúcifer me tira de você, tá eu sei que acabou, mas sempre posso rever episódios favoritos, aquele Lúcifer, talvez só perca para o Amenadiel, não é só porque eles são lindos, a história subverte tanto a lógica que aprendi no catolicismo, a real é que o diabo é legal, pelo menos na série. Tá, eu sei que também canso das séries…

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- Pode seguir em frente, Maria Maria é uber novata, foi me buscar no samba, numa rua residencial, estreita e sinuosa, Maria já chegou meio assustada, quando me viu se tranquilizou um pouco, mas estava um tanto desconcertada e quase errou o caminho na reta final, daí que eu precisava sair da minha nuvem mental e direcionar Maria que nem imaginava que enquanto eu a guiava, viajava na morte, digo, na vida que segue a morte. Chegamos ao meu prédio, eu desci e Maria seguiu. Eu chorei, almocei, tomei um mojito, conheci a Margô, uma bulldog que gosta de samba, revi a Karen, cantei o samba da Vaivai... A vida seguia, ainda que Marcus tivesse morrido antes da hora do almoço. “... a esposa disse que ele estava jogando bola e após a partida se sentiu mal e teve um infarto. Foi socorrido, mas não conseguiu se recuperar.” Recebi a mensagem às 14:06h. Às 22:41h eu estava no carro da Maria. O William me mandou a mensagem, William foi meu professor de natação, Marcus também foi meu professor de nataçã

Não

Desculpe-me, Mas não posso mais te ler tuas palavras me leem tuas linhas me desalinham, teus versos me desconcertam e me desconsertam Me iludo Não mudo Sussurro  A voz abafada O peito embalado O juízo desmoronado

Bananas ou bumerangues

A meia colorida destoa do terno cinza. A camisa é branca, vejo a gola. Os sapatos são pretos, mas as meias são vermelhas com bananas ou bumerangues. O cara caminha na minha frente, a meia dele, vermelha, me distrai. Por aquele tempo antes que ele atravesse a rua, paro de dizer mentalmente: Que merda, que merda, cansada de ser a mulher luto, que merda. Depois da meia, penso que luto é ruim, é uma merda e há lutos piores, sempre existe o pior. Eu sempre detestei o conformismo pelo pior, mas hoje... Hoje é o jeito. O jeito é pensar no bom que se tem, no mais ruim que outros têm e seguir caminhando sob o sol atrás de meias de bananas ou bumerangues. SP, 13 de julho de 2021.

Pedaço

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  Tem um pedaço de céu bem azul entre as nuvens de algodão doce que vejo entre as telas da janela. Hoje meu pai faria 70 anos, mas ele não ligava pra datas comemorativas. O dia amanheceu com cara de nublado, mas logo o sol tomou seu trono. Hoje meu pai faria 70 anos. Pode ser que chova mais tarde. Eu corri mais, eu caminhei mais. Meu pai não ligava pra datas. Quando passo por uma árvore gosto de olhar pra cima e ver o céu entre as folhas. Hoje tirei foto de um cacto e meu pai faria 70 anos. O dia está colorido e vazio. Mas meu pai não ligava para datas comemorativas. O pedaço azul diminui mais e mais. Minha cortina tem nuvens. Hoje meu pai faria 70 anos. Chove.

Alfabeto

 Teus As Cheios de Meios Eu em teus Olhos de foto Tua voz aqui Longe Teu toque Imaginado Desenhado Teus As Desapercebidos De meus C Nãos Vestem-se De não.