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Mostrando postagens de janeiro, 2007

Neverland

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A terra do nunca parecia um filme. Em 30 metros sumia-se da vista, como se passássemos para outra dimensão, os trens antigos, o pó a capela e o museu em meio a gerânios coloridos e caminhos de grama me faziam crer que era um sonho, que era Neverland! Eu me sentia a Sininho sobrevoando a grande roda e a jovem personagem de Pinter andando sobre os trilhos. O homem de macacão sujo, alimentando a locomotiva com grandes fachos de lenha, me deu a impressão de que eu encontraria minha bisavó, elegantemente trajada em cinza, contrastante aos seus olhos azuis, usando um belo chapéu, prestes a tomar o trem para o Rio. O cachorro da estação dormia, a névoa combinava comigo, ainda combina. Eu, amante do sol, me encantei com a neblina embriagante e brinquei como uma criança girando meu Peterpanzinho e vagando por vagões e ruas ladrilhadas em paralelepípedos donde, às vezes, do nada, do branco, surgiam belas crianças correndo. Os galpões de madeira e planta e as casas antigas e conservadas pareciam

Blá

Santa Maldita sensatez que me salva e condena em porções.

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O menino feliz olhava para o mar. O boto acenava. O sol abrandava. Eu fotografava.

Calor Intenso

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Como é difícil voltar, como os ânimos são diferentes, as vozes aqui são mais sufocadas, todos estão oprimidos e não há nada que eu faça, mesmo o que me dá prazer, que não me faça lembrar, como é bom estar na Ilha da Cardoso. Foram apenas 12 dias, mas 12 dias tão intensos, que valeram por muito mais. Queridíssimo Lion-Terrível, que me avisou deste Paraíso e consolidou de vez nossa amizade. Desde o barco, o contato com o mar, montar a barraca, gritar “Calor!” cada vez que alguém colocava o pé no Camping. No começo, tanta espontaneidade, tanta natureza e tanta loucura me atordoaram, me deixaram sem saber o que fazer, eu nem sabia o que estava acontecendo comigo, me perdia no mar escuro e no azul do vermelho, senti em dias coisas que eu evitava há muito tempo, me derreti, sofri, me diverti, gritei e ardi e só estava no 3º dia, eu acho, porque lá, o tempo não importa. Sempre me perdendo e me achando fui me ligando cada vez mais à Ilha, me encantando com os passarinhos, me superando nas pedr

Carta

Meu querido Não sei se você chegará a ler esta carta porque não sei como envia-la e não sei quando nos veremos, o que para mim é muito triste neste momento. Tudo na sua Ilha é intenso e eu, que sempre tentei ser sensata, fiquei inicialmente perdida, confusa, atordoada e terminei apaixonada com tanta energia, tanta loucura, tanto som, tanta poesia e Cataia no ar. Os 12 dias que passei na Ilha, valeram emocionalmente como meses e meses, muita coisa aconteceu dentro de mim, muita água rolou e eu achei que meu balanço final seria confusão, mas não, o final da minha passagem na sua Ilha foi o melhor possível, porque foi com você. Foi tão difícil sair da Ilha que até agora me pergunto se eu não deveria estar aí, meu lado responsável e minha paixão desgastada pelo teatro venceram, mas até agora ainda sinto seu gosto, seu cheiro o tempo todo e eles são um alento nessa volta à minha concreta realidade paulistana. No Lagamar, em Cananéia, no ônibus, em casa (enquanto eu lavava a barraca ouvindo