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Mostrando postagens de fevereiro, 2005

O Doidinho

Ao som de James Brown, ele chegou feito uma enxurrada de tempestade paulistana no verão. Pequeno, cabelos encaracolados, sorriso amplo, ritmo acelerado, beijo sabor churrasco. Cozinhava como um bom chef, filosofava sobre o mundo cheio de dúvida e convicção, detestava as rádios. Carinhoso, passional, louco, apaixonado, capricorniano, web designer. Tinha pouco dinheiro, uma casa grande com uma árvore, um cachorro manso, uma banda alternativa, uns amigos malucos. Usava camisetas pintadas a mão. Olhava-me como se me visse sempre pela primeira vez. Fazia amor alucinada e apaixonadamente. Um dia a enxurrada escoou e nunca mais choveu.

Fugacidade

As duas taças ainda estão sobre a pia, sujas do vinho branco que regou a noite apaixonada de poesias e promessas, mas a paixão creditada como amor de vidas passadas, já era. (07/março/2002)

Ultra Romântico

Quando o sol parar de brilhar e a Terra deixar de existir quem sabe eu deixe de te querer mas saibas que mesmo assim minha alma que é eterna eternamente amar-te-á No encontro do amor e da paz lá sim, irei encontrar a paz do meu espirito e deixarei minha alma repousar ao lado da sua e sei que ambas jamais se separarão pois o amor lá vai estar (escrito + ou - em 1989)

Ressaca

Devem existir coisas piores, mas quando ela está em você, a ressaca é a pior coisa do mundo.

A Despedida

Mariana não estava muito a fim de ir, mas resolveu enfrentar a tal despedida, Bob finalmente ia embora, era um motivo para comemorar. Por outro lado, todo aquele mel, o sotaque irritante chamando “Mari!!!”, ainda a faziam protelar. Mas o Hugo tinha topado aparecer, tão brega quanto o bar, ele com certeza se divertiria e a faria rir, além disso Hugo era brega mas era divertido e gostoso. Com todo esse espírito animador, Mariana chegou ao Bar-Karaokê, para sua surpresa, o gringo estava sentado com apenas duas amigas novas que ele havia conhecido na última viagem. Bob ficou muito feliz em ver Mariana, como sempre, ele reclamou alguma coisa, da cerveja, do atraso dos brasileiros, Mariana calmamente relevou, já que a certeza de que era a última vez, a acalentava. Já eram quase 23hs., ele havia marcado a despedida para as 21hs., não chegara mais ninguém, ainda por cima, depois de um papo animado sobre cemitério, as outras duas únicas convidadas presentes anunciaram que tinham que ir embora p

Querer

Eu queria agora não ter que fazer mais nada a não ser escrever todas as histórias que passam pela minha cabeça, pelos meus sentidos...

18, 19, 20

Quase-Funhouse, caminhada, Dida, Mercearia, Filial, chopp, bolinho de arroz, teatro do acaso, plano frustrado, encontro inesperado, planos novos, visitas, Perto Demais, livros, coxa-creme, torta de chocolate, recado, juks, batuque sob a ponte, ônibus, Cordel do Fogo Encantado, Belfiore-sem-Rodrigo, cerveja, chili, confidências muitas, sono, carona, sofá, carreteiro são-paulino, cachorro pequeno, telefone, Sideways, sol, árvores, supermercado, arrumação, Chardonnay, marisco, vídeo.

Mocassim

O artista anônimo certificou-se da despedida, pegou seu parmegiana para viagem saiu do bar andando sobre seu mocassim marrom. Poderia ter ficado mais, conversando com o grandão que gostou do seu desenho e estava com sua irmã, o cara rasta falando de merda, mas ele tinha que voltar para sua mulher apaixonada ou para sua mulher gorda, ou a gorda adorável ou a magra chata, ou então voltaria para sua solidão, seu apartamento vazio, foi embora. Em casa, ligou a TV para espantar a solidão e comeu o parmegiana, sentiu-se só, pensou em bater uma, mas desistiu, adormeceu no sofá, acordou na manhã seguinte, espreguiçou muito, lavou um copo, bebeu água para matar a ressaca, passou 20 minutos debaixo do chuveiro, colocou sua roupa e foi trabalhar desanimado, ressacado, pensando: Que merda, ainda é terça-feira! Na Marechal entrou uma morena gostosa e ele pensou: Deus existe! (escrito em outubro/2003)

Conceição

Depois de me arrumar toda, de preto, com minha charmosa echarpe laranja, lápis nos olhos e batom na boca, chegam Ricardinho e Bruno, fumamos um e vamos rumo ao Bar Brahma. Chegamos ao chique ambiente com lustres enormes e um público com média de idade uns 20 anos acima da nossa. Sentamos à mesa reservada para nós (localização privilegiada!) e dá-lhe chopp! Delicioso! Finalmente chegam nossos amigos Jane e Júnior. Continuamos no chopp, Jane pede uma caipirinha de saquê e Júnior um whisky. Sobe ao palco Ivete Soares, uma moça simpática, de voz bonita, que repete a todo instante que acabou de voltar da Itália. Ivete Soares canta bem, eu peço um Blood Mary e penso como os integrantes da nossa mesa são figuras de aparências diferentes. O dono do bar anuncia: CAUBY PEIXOTO! Eu, já meio bêbada, me levanto com minha máquina fotográfica em punho. Cauby, vem do fundo bar cantando cercado de seguranças. Flashes e mais flashes vindos de todos os lados. Aplaudido de pé, ele chega ao palco. O Júnior

Alberto

Naquela manhã Alberto acordou derrubando o despertador, virou e dormiu mais um pouquinho, como sempre. Só saiu da cama depois do beijo de bom dia da mulher, como toda manhã. Tomou café, como de costume. Comeu pão com manteiga e brincou com as crianças, como todo dia. Levou a mulher ao trabalho como todas as terças. Deixou os filhos na escola, como todas as terças, quartas e sextas. Voltou para casa, colocou o terno sobre a cama e entrou no chuveiro morno, como de hábito. Fechou a torneira, vestiu o roupão, caiu no chão e morreu, como nunca.

Deprimente

Deprimente é abrir o jornal pela manhã e saber que o novo presidente da câmara dos deputados é um tal de Severino Cavalcanti, um indivíduo que se diz "eterno vigilante contra a pornografia e a libertinagem", um homofóbico, moralista que já trocou de partido seis vezes e hoje está no PP, partido do nosso conhecido Paulo Maluf. Mais um estúpido com poder, um "bushizinho". Terrível! Artigos sobre o assunto: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1602200515.htm http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1602200507.htm

Estranha Manhã

A menina sonhou com o ex-namorado que não vê há meses, com tiros e coisas estranhas. Acordou atrasada, teve que adiar a academia de novo. Disposta, resolveu fazer suco e sanduíche natural para o café da manhã, macarrão para o almoço. Ouvindo Karnac, se atrasando para o trabalho, lá estava ela, estranhamente disposta para aquela hora de uma manhã nublada, fazendo seus quitutes. Então ela ouve o barulho da chave virando na porta da cozinha, achando que era a faxineira que tinha errado o dia, ela destravou o trinco... Deu de cara com ele, praticamente a última pessoa que ela queria ver na face da terra, o gringo bonzinho, o cara mais chato do mundo, o hóspede mais inconveniente do planeta, ali na porta da sua cozinha, sem aviso prévio, dizendo "oi" com um sorriso escancarado, um presentinho e uma mochila nas costas. Ela pensa em gritar "NÃÃOOO!!!!!!!!!" mas diz "Oi, tudo bem?" Então eles se abraçam, ele entra, ela oferece suco, conversa um pouco enquanto term